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Cavernoma: quais os sintomas?

Dr. Djalma Menéndez • 2 de julho de 2022

Embora sejam raros, os cavernomas são o segundo tipo mais comum de malformação vascular que acomete o sistema nervoso. Eles são formados pelos menores vasos sanguíneos do nosso corpo, os capilares. Estes se tornam dilatados, de formato irregular e parede frágil, macroscopicamente se assemelham a uma amora.


Existem diversas doenças que podem acometer o cérebro. E é fundamental para o médico especialista compreender os seus sintomas, que o ajudarão na suspeita diagnóstica e tratamento destas condições.


Por isso, pensamos neste post para falar especificamente sobre os sintomas do cavernoma. Siga esta leitura, e entenda quais são os seus sintomas e porque ocorrem!


Cavernoma: como surgem os sintomas?


Em geral, os cavernomas são lesões assintomáticas e muitos dos pacientes nunca terão qualquer sintoma ao longo da vida. Entretanto, quando presentes, os sintomas poderão acontecer por 2 razões:


  • Relacionados a microsangramentos e deposição de ferro no tecido cerebral vizinho. Isto acontece pois os cavernomas deixam extravasar sangue para o tecido cerebral vizinho de forma crônica. O sangue é formado pela hemoglobina, que por sua vez contém a molécula de ferro no seu interior. Com o passar do tempo, temos um aumento no depósito deste metal no tecido cerebral, o que se torna irritativo para o cérebro e pode gerar sintomas.
  • Relacionados a sangramentos de maior volume. Além do cavernoma poder aumentar com o passar do tempo, hemorragias intracranianas de forma importante podem acontecer. Estas são bem diferentes dos microssangramentos do item anterior. Nesse caso, estes sangramentos de maior volume podem causar sintomas novos ou aumentar os já existentes. Além disso, os sintomas desta forma irão depender do local e tamanho deste sangramento. 


Os sintomas costumam aparecer mais entre os 20 e 40 anos de vida. Estima-se que 1 a cada 3 pacientes portadores de cavernoma poderão apresentá-los.


Porém, após um sangramento importante do cavernoma, o risco de um novo sangramento aumenta de forma significativa para 6% nos primeiros 5 anos. E só após este período, o risco de um novo sangramento retorna gradualmente para menos de 2% ao ano, semelhante a uma lesão que nunca sangrou.


Cavernoma: quais os principais sintomas?


Agora que você entendeu como ocorrem os sintomas, ficou mais fácil entender as principais características de um cavernoma. Vamos lá:


  • Crises epilépticas / convulsões (50% dos casos)

Esta é a apresentação mais comum de um cavernoma. O depósito de ferro é extremamente irritativo à atividade elétrica cerebral, pode gerar uma espécie de curto circuito e desencadear um quadro de epilepsia. 

Para se ter uma ideia, no tratamento cirúrgico destas lesões, faz-se necessário ressecar não só o cavernoma propriamente dito, mas também a área vizinha impregnada pelo ferro, geradora das crises epilépticas. No intra-operatório o cérebro tem um aspecto ferruginoso de fácil identificação.

  • Dor de cabeça frequente

Sintoma bastante frequente, e pode acontecer de diversos tipos e formas. Geralmente após um sangramento volumoso, pode haver aumento da pressão no interior do crânio que irá ocasionar dor de cabeça forte e persistente. Outros pacientes podem ter dor de cabeça de forma crônica.

  • Hemorragia cerebral (AVC hemorrágico)

Pode ser pequeno, mas às vezes pode ser de tamanho importante e ocasionar sintomas semelhantes a um AVC hemorrágico. Por isso, após um AVC hemorrágico é de grande importância identificar a causa. Se for um cavernoma, por exemplo, haverá necessidade de acompanhamento rigoroso e avaliar a necessidade de tratar este cavernoma, com o objetivo de evitar novos AVCs (sangramentos).

  • Déficits neurológicos localizados (focais) 

Alguns sintomas estão diretamente relacionados à localização do cavernoma dentro do sistema nervoso. Assim, sintomas neurológicos variados podem acontecer, como por exemplo: fraqueza e dormência nos membros, incoordenação de movimentos, tonturas, problemas na visão, visão dupla, distúrbios de memória e atenção, entre outros.


Em virtude da atual facilidade de acesso aos exames de imagem, o diagnóstico desta malformação vascular tem crescido, e muitos pacientes não apresentam quaisquer sintomas. Geralmente 1 em cada 3 pacientes irão desenvolver sintomas relacionados a um cavernoma.


Cavernoma: como é identificado?


Por ser assintomático em muitos casos, o cavernoma costuma surgir em exames de rotina ou mesmo acidentalmente, quando o diagnóstico está focado em outro problema.


Porém na presença de algum sintoma citado anteriormente, a investigação através de exames complementares é fundamental.


No geral, exames de imagem são os mais indicados para identificar o cavernoma. É o caso da tomografia de crânio, por exemplo, e da ressonância magnética.

Acontece que, no caso da tomografia, o cavernoma pode ser confundido com uma simples hemorragia cerebral, calcificação, ou outro tipo de doença.


Por sua vez, a ressonância magnética é o exame mais confiável e eficiente para a detecção do cavernoma. Ela consegue diagnosticar o cavernoma, bem como as áreas cerebrais com depósito de ferro e outras anomalias vasculares associadas caso estejam presentes. O exame de ressonância é o método padrão-ouro para diagnóstico de um cavernoma.


Quando procurar um neurocirurgião?


Como vimos, ao longo deste artigo, os sintomas do cavernoma são característicos, mas podem ser confundidos com os sintomas de outras doenças neurológicas.


Na presença de algum sintoma neurológico sempre procure um médico especialista na área. O correto diagnóstico é fundamental para saber como conduzir cada paciente, além de estimar os riscos e oferecer o melhor tratamento para esta pessoa.


E se você tiver interesse em saber mais sobre os sintomas do cavernoma ou mesmo tirar dúvidas sobre o diagnóstico e tratamento, entre em contato e marque uma consulta pelo site!


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